terça-feira, 2 de dezembro de 2014

As competências TIC e o referencial “Aprender com a Biblioteca Escolar”


REFLEXÃO

As várias formas ou possibilidades de rentabilizar o documento – As Metas de Aprendizagem TIC (2010) como um instrumento de apoio ao desenvolvimento de competências digitais e transversais dos alunos para uma aprendizagem ao longo da vida.
Como se articulam as competências TIC (Literacia tecnológica/digital) com as literacias do referencial “Aprender com a Biblioteca Escolar”
            O conceito de competência como faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos: saberes, capacidades, informações, para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações tem criado no sistema educativo português dúvida e incerteza quanto ao modelo curricular a seguir pela instituição escolar. Conceitos como transversalidade curricular, transdisciplinaridade, interdisciplinaridade e trabalho colaborativo, ainda apresentam reservas quanto à sua função e potencialidade no sistema de ensino e aprendizagem. Facto comprovado pela atual gestão curricular - Metas Curriculares.         
            Fenómeno, vincadamente político que na prática apela à sobreposição de referentes qualificativos de teorias construtivistas e cognitivistas. É curiosa a discussão na perspetiva de saber qual modelo curricular a seguir: competências ou objetivos.
            Neste contexto, imputam-se à instituição escolar responsabilidades, que de forma quase “leviana”, se assemelham a experiências politico /sociais, cujo resultado nunca chega a ser apurado. Aconteceu com as Metas de Aprendizagem (e anteriores modelos) como virá acontecer com as atuais Metas Curriculares.
            Numa lógica de entidade curricular (que finalidades educacionais deve a escola procurar atingir), e tendo implícito a formalidade da sua gestão, parece-me pertinente questionar o verdadeiro sentido da dualidade do conceito, competência e objetivo. Na prática do processo ensino aprendizagem, os mesmos representam formas paralelas de atingir o sucesso educativo dos alunos. No entanto, também é notória a sua diferença no objeto final, pois se por um lado a competência visa uma aquisição de capacidades, habilidades e atitudes na resolução de uma situação problema, o objetivo, encerra em si mesmo, o conjunto de pressupostos educacionais, limitativos a um desempenho escolar numa situação de verificação de aprendizagens, prova ou exame.
             Assim, as atuais Metas Curriculares, excluem à priori conceitos como: transversalidade curricular, interdisciplinaridade e trabalho colaborativo.
Pelo contrário, o documento Metas de Aprendizagem (2010) reconhece o valor metodológico no processo de ensino e aprendizagem que o conceito de competência encerra numa dinâmica de transversalidade curricular. É, neste ambiente politico educativo que a organização curricular das TIC emerge como suporte formal à abrangência transversal do conhecimento. A justificação do seu objeto final encontra-se numa dupla perspetiva:
·         a necessidade de a escola corresponder ao novo paradigma de sociedade (sec. XXI) da informação / conhecimento;
·         potencialidades das tecnologias de informação  no processo de ensino e aprendizagem.
            Esta dupla perspetiva de aprendizagem com as tecnologias de informação e comunicação conjuga o reforço de transversalidade curricular desta área disciplinar com as competências da Literacia da Informação que a biblioteca escolar assume como um dos seus referenciais.
            Esta possibilidade do usufruto das tecnologias de informação pela biblioteca escolar assume a prioridade a dar a novas oportunidades de acesso à informação, criação de novos ambientes de aprendizagem e novas formas de renovação da biblioteca escolar nas vertentes de gestão, organização e função.
            A assunção desta responsabilidade educativa pela biblioteca escolar, corresponde na íntegra ao formalismo de uma prática transdisciplinar na qual a transversalidade da competência a adquirir na área das TIC, se fundem nos pressupostos inerentes ao referencial “Aprender com a Bibliotecas Escolar” na dimensão da literacia da informação. 
            Esta simbiose, reflete-se na condição de um Quadro de Referencia para desenvolvimento de competências transversais e de aprendizagem ao longo da vida TIC/ Biblioteca Escolar, nos pressupostos enunciados no documento “Metas de Aprendizagem na área das TIC: Aprender com as tecnologias" de Costa, (2010):
·         Pressuposto nº1. Assumem-se as TIC como uma área de formação transversal, mas assume-se também que a aquisição e o desenvolvimento das competências digitais devem estar presentes ao longo de toda a escolaridade.
·         Pressuposto nº2. Considera-se, aliás, que a aquisição das competências em TIC é um imperativo da escola em resposta aos desafios do mundo do trabalho e da sociedade em geral neste início do Século XXI, isto é, que as competências em TIC constituem uma preparação essencial para o exercício pleno da cidadania.
·         Pressuposto nº3. Nessa linha, assumem-se as TIC não apenas enquanto competências instrumentais ao serviço de outros saberes disciplinares, mas principalmente como oportunidade e estratégia de desenvolvimento intelectual e social dos indivíduos (Jonassen, 2007), tomando como fator motivador e indutor desse desenvolvimento, a relação natural que os mais jovens cada vez mais têm com as TIC.


Referências

COSTA et al (2010). I Encontro Internacional de TIC e Educação. Inovação Curricular com TIC. Lisboa. Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. (931-93)

FELIZARDO, Helena. As metas de aprendizagem na área das TIC no contexto de desenvolvimento das literacias e das competências transversais

CARVALHO, A. A. (Maio/Agosto de 2007). Rentabilizar a Internet no Ensino Básico e Secundário: dos Recursos e Ferramentas Online aos LMS. Sísifo/ Revista de Ciências da Educação, pp. 25-36
 
 
COSTA, Fernando et al. (2010). Metas de Aprendizagem na área das TIC. in DGIDC-ME (2010). Metas de Aprendizagem. Lisboa: DGIDC/ME.
 
PORTUGAL. Ministério de Educação e Ciência. Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares: Aprender com a biblioteca escolar. Lisboa: RBE (2012).
 

 

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