REFLEXÃO
As
várias formas ou possibilidades de rentabilizar o documento – As Metas de
Aprendizagem TIC (2010) como um instrumento de apoio ao desenvolvimento de
competências digitais e transversais dos alunos para uma aprendizagem ao longo
da vida.
Como
se articulam as competências TIC (Literacia tecnológica/digital) com as
literacias do referencial “Aprender com a Biblioteca Escolar”
O conceito de competência como faculdade
de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos: saberes, capacidades, informações,
para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações tem criado no
sistema educativo português dúvida e incerteza quanto ao modelo curricular a
seguir pela instituição escolar. Conceitos como transversalidade curricular,
transdisciplinaridade, interdisciplinaridade e trabalho colaborativo, ainda
apresentam reservas quanto à sua função e potencialidade no sistema de ensino e
aprendizagem. Facto comprovado pela atual gestão curricular - Metas
Curriculares.
Fenómeno, vincadamente político que
na prática apela à sobreposição de referentes qualificativos de teorias
construtivistas e cognitivistas. É curiosa a discussão na perspetiva de saber
qual modelo curricular a seguir: competências ou objetivos.
Neste contexto, imputam-se à
instituição escolar responsabilidades, que de forma quase “leviana”, se
assemelham a experiências politico /sociais, cujo resultado nunca chega a ser
apurado. Aconteceu com as Metas de Aprendizagem (e anteriores modelos) como
virá acontecer com as atuais Metas Curriculares.
Numa lógica de entidade curricular
(que finalidades educacionais deve a escola procurar atingir), e tendo
implícito a formalidade da sua gestão, parece-me pertinente questionar o verdadeiro
sentido da dualidade do conceito, competência e objetivo. Na prática do
processo ensino aprendizagem, os mesmos representam formas paralelas de atingir
o sucesso educativo dos alunos. No entanto, também é notória a sua diferença no
objeto final, pois se por um lado a competência visa uma aquisição de
capacidades, habilidades e atitudes na resolução de uma situação problema, o
objetivo, encerra em si mesmo, o conjunto de pressupostos educacionais,
limitativos a um desempenho escolar numa situação de verificação de
aprendizagens, prova ou exame.
Assim, as atuais Metas Curriculares, excluem à
priori conceitos como: transversalidade curricular, interdisciplinaridade e
trabalho colaborativo.
Pelo
contrário, o documento Metas de Aprendizagem (2010) reconhece o valor
metodológico no processo de ensino e aprendizagem que o conceito de competência
encerra numa dinâmica de transversalidade curricular. É, neste ambiente
politico educativo que a organização curricular das TIC emerge como suporte
formal à abrangência transversal do conhecimento. A justificação do seu objeto
final encontra-se numa dupla perspetiva:
·
a
necessidade de a escola corresponder ao novo paradigma de sociedade (sec. XXI)
da informação / conhecimento;
·
potencialidades
das tecnologias de informação no
processo de ensino e aprendizagem.
Esta
dupla perspetiva de aprendizagem com as tecnologias de informação e comunicação
conjuga o reforço de transversalidade curricular desta área disciplinar com as
competências da Literacia da Informação que a biblioteca escolar assume como um
dos seus referenciais.
Esta
possibilidade do usufruto das tecnologias de informação pela biblioteca escolar
assume a prioridade a dar a novas oportunidades de acesso à informação, criação
de novos ambientes de aprendizagem e novas formas de renovação da biblioteca
escolar nas vertentes de gestão, organização e função.
A
assunção desta responsabilidade educativa pela biblioteca escolar, corresponde
na íntegra ao formalismo de uma prática transdisciplinar na qual a
transversalidade da competência a adquirir na área das TIC, se fundem nos
pressupostos inerentes ao referencial “Aprender com a Bibliotecas Escolar” na
dimensão da literacia da informação.
Esta
simbiose, reflete-se na condição de um Quadro de Referencia para
desenvolvimento de competências transversais e de aprendizagem ao longo da vida
TIC/ Biblioteca Escolar, nos pressupostos enunciados no documento “Metas de
Aprendizagem na área das TIC: Aprender com as tecnologias" de Costa, (2010):
·
Pressuposto
nº1. Assumem-se
as TIC como uma área de formação transversal, mas assume-se também que a
aquisição e o desenvolvimento das competências digitais devem estar presentes
ao longo de toda a escolaridade.
·
Pressuposto nº2. Considera-se, aliás, que a aquisição das competências em TIC é um imperativo da
escola em resposta aos desafios do mundo do trabalho e da sociedade em geral
neste início do Século XXI, isto é, que as competências em TIC constituem uma
preparação essencial para o exercício pleno da cidadania.
·
Pressuposto
nº3. Nessa
linha, assumem-se as TIC não apenas enquanto competências instrumentais ao
serviço de outros saberes disciplinares, mas principalmente como oportunidade e
estratégia de desenvolvimento intelectual e social dos indivíduos (Jonassen, 2007),
tomando como fator motivador e indutor desse desenvolvimento, a relação natural
que os mais jovens cada vez mais têm com as TIC.
Referências
COSTA
et al (2010). I Encontro Internacional de TIC e Educação. Inovação Curricular
com TIC. Lisboa. Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. (931-93)
FELIZARDO,
Helena. As metas de aprendizagem na área das TIC no contexto de desenvolvimento
das literacias e das competências transversais
CARVALHO, A. A. (Maio/Agosto de 2007). Rentabilizar a
Internet no Ensino Básico e Secundário: dos Recursos e Ferramentas Online aos
LMS. Sísifo/ Revista de Ciências da Educação, pp. 25-36
COSTA, Fernando et al. (2010). Metas de Aprendizagem na área das
TIC. in DGIDC-ME (2010). Metas de
Aprendizagem. Lisboa: DGIDC/ME.
PORTUGAL. Ministério de Educação e Ciência. Gabinete
da Rede Bibliotecas Escolares: Aprender com a biblioteca escolar.
Lisboa: RBE (2012).